Nesta semana, 20 homens privados de liberdade custodiados na Colônia Penal Industrial de Maringá (CPIM) concluíram o Projeto Especial de Leitura/Literatura, com foco na obra clássica Dom Casmurro, de Machado de Assis.

No anfiteatro da CPIM, a obra ganhou vida por meio de uma encenação teatral que apresentou um júri simulado. O espetáculo abordou temas como amizade, adultério, diferenças de classe social, hipocrisia, corrupção humana, disparidade social, homoafetividade, crenças diversas e as eternas dúvidas suscitadas pela trama.

O diretor da unidade prisional, Júlio Cesar Vicente Franco, destacou a importância da educação no processo de reintegração social dos apenados, representada pelo Projeto de Remição de Pena por meio da Leitura. "O diálogo respeitoso entre agentes de segurança, custodiados e responsáveis pelo processo educativo agiliza as ações escolares e solidifica o crescimento e reinserção dos apenados", afirmou.

Durante a apresentação, Marco Antonio Garbellini, diretor de teatro que apoia projetos do sistema prisional de Maringá, reforçou a ideia de que a arte é um direito essencial para todos, fundamental no refinamento da alma e na reinserção social dos apenados.

“O teatro pode ser um poderoso meio de resgate da dignidade do apenado, proporcionando uma forma de expressão que valoriza suas experiências e emoções. Por meio da arte, eles podem redescobrir o sentido de respeito próprio e da comunidade”, comentou Garbellini.

O evento também contou com a presença de apoiadores que acreditam e atuam na educação como um dos principais instrumentos para a ressocialização dos apenados. Eles vislumbram uma sociedade mais justa, menos violenta e mais feliz, por meio da transformação proporcionada pela educação.

CASA DE CUSTÓDIA DE MARINGÁ – A Casa de Custódia de Maringá (CCM) também tem se destacado em projetos de leitura, reforçando a importância da educação no processo de ressocialização. Nesta semana, 15 alunos participantes do Projeto Remição pela Leitura, realizaram apresentações com ideias a partir da leitura do livro A Cor Púrpura, explorando temas como racismo, violência contra a mulher, sexismo, espiritualidade versus religião, superação e empoderamento feminino, independência e autoconfiança da mulher, poder de autoexpressão na busca pela igualdade e dignidade, pedofilia, Lei Maria da Penha, segregação racial e o poder curativo da escrita por meio das cartas.

Para manifestar o encanto da literatura, parte do pátio de visitas, onde foram realizadas as apresentações, foi decorada com ilustrações e cada pessoa presente recebeu um marcador de página com uma reflexão sobre a palavra "púrpura".

Após a finalização das apresentações, a diretora do CEEBJA Tomires Moreira de Carvalho, Vilma Biadola, comentou sobre a importância desse projeto para a ressocialização dos apenados: “Este projeto mostra como a educação e a literatura podem transformar vidas, oferecendo novas perspectivas e esperança para os apenados”, afirmou Biadola.