Projeto Oficina das Artes leva teatro e reinserção social ao sistema prisional de Maringá 21/02/2025 - 16:03

O projeto Oficina das Artes, aprovado pela Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (SESP-PR) no final de 2024, em parceria com a Polícia Penal do Paraná (PPPR) e o Conselho da Comunidade de Execuções Penais da Comarca de Maringá (CCEPMA), iniciou neste mês uma série de oficinas teatrais na Colônia Penal Industrial de Maringá – Unidade de Progressão (CPIM-UP).

A iniciativa faz parte do programa de remição de pena pela arte e funciona como um projeto-piloto de artes cênicas, que será expandido para a Casa de Custódia de Maringá e a Penitenciária Estadual de Maringá a partir de março. A proposta busca oferecer aos apenados oportunidades de aprendizado, desenvolvimento pessoal e reinserção social por meio da expressão artística.

O coordenador regional da PPPR em Maringá, Júlio César Vicente Franco, relembra a evolução do projeto e sua repercussão: “Há dois anos, quando assistimos à primeira encenação de Crime e Castigo estrelada por um apenado no pátio da Casa de Custódia e depois no auditório da Colônia Penal, não imaginávamos a amplitude que esse trabalho alcançaria. Após a temporada no Teatro Barracão, o projeto recebeu reconhecimento artístico, com prêmios no Festival de Teatro de Pinhais e na Secretaria de Cultura de Maringá, além de menções honrosas e méritos culturais em 2023 e 2024”, destacou.

A reinserção social é um dos principais pilares do projeto, como destaca um dos responsáveis pela iniciativa: “É uma satisfação muito grande fazer parte deste projeto e observar os resultados obtidos com as atividades desenvolvidas pelos apenados da CPIM. Todas as ações voltadas para a reinserção social são muito importantes e este trabalho, além de incentivar a leitura, promove também o desenvolvimento cognitivo do indivíduo por meio da fala, concentração, memorização, percepção e expressão corporal, que são elementos essenciais para o retorno à sociedade”, disse o vice-diretor da CPIM-UP, Vitor Tadeu Scaramella.

Os diretores artísticos Adauto da Silva e Marco Antônio Garbellini, que estão à frente do projeto há três anos. “Colocar esses homens privados de liberdade como protagonistas da arte é o nosso principal objetivo. Queremos despertar neles o desejo de transformação e mostrar que podem alterar suas vidas. Um dos exemplos mais marcantes é o ator principal da peça A Morte de Ivan Ilitch, que, desde o início do projeto, se dedicou aos estudos e foi aprovado no curso de Comunicação Social. Esse é o verdadeiro impacto da Oficina das Artes”, disse Adauto, enfatizando a importância da iniciativa dentro e fora do sistema prisional.

A vice-presidente do CCEPMA, Helena Ramos, destaca que a Oficina das Artes visa, a longo prazo, oferecer não apenas teatro, mas também oficinas de dança, música, artes visuais e outras expressões artísticas. “Estamos muito felizes com a aprovação das oficinas, que certamente contribuirão para mudar a forma como a sociedade enxerga esses homens e mulheres”, afirma.

As oficinas de teatro serão realizadas nas três unidades prisionais, com aulas de voz, corpo, jogos teatrais e improvisação. Ao final de seis meses, haverá uma mostra de processo, com possibilidade de montagem teatral.

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