Oito mulheres detidas na carceragem da comarca de Wenceslau Braz buscam a remição de suas penas de uma forma diferente: usam suas habilidades para ajudar crianças. Elas confeccionaram diversos artigos artesanais que foram vendidos em um chá beneficente no último mês. Toda renda das vendas foi revertida para a Ajadavi (Associação Jacarezinhense de Reabilitação ao Deficiente Auditivo e Atendimento ao Deficiente Visual). A instituição realiza um trabalho filantrópico com crianças de Jacarezinho e região.

Durante os primeiros meses deste ano, as presas dedicaram seu tempo para criar peças de crochê à entidade filantrópica, que em contrapartida forneceu todos os materiais que foram utilizados pelas “crocheteiras”. Assim criaram mais de 200 peças de modelos e cores diversas.

A idealização do projeto surgiu através do contato com a instituição para discutir a parceria. “Entramos em contato com a Ajadavi para conseguirmos viabilizar o projeto, pois havia muitas presas com talento, porém não tinham os materiais necessários. A associação então se prontificou a disponibilizar a matéria-prima e depois utilizar os artesanatos para arrecadar dinheiro para a instituição”, explicou o agente penitenciário, Jean Carlos Fogaça. A aceitação do projeto entre as presas e a participação foi maciça. “Todas participaram, sem exceção, elas se dedicam, interagem e se socializam através do artesanato”, completou.

B. D. S está detida há um ano e quatro meses e tem orgulho em contar que se dedica a todos os projetos que são apresentados. “Aqui tentamos inserir todas as meninas no artesanato, quem não sabe a gente ensina e quem já sabe, aprimora suas habilidades”, contou a detenta.

“Agora que o projeto foi finalizado, estamos aguardando novas parcerias, pois o artesanato nos beneficia para passar o tempo, ajuda instituições como a Ajadavi, enquanto diminui nossa pena, ou seja, só tem aspectos positivos”, comentou a artesã.

Todo o trabalho da instituição foi apresentado às presas antes que o projeto iniciasse.

INSTITUIÇÃO - A Ajadavi é uma entidade filantrópica de Jacarezinho que atende crianças com deficiência auditiva e visual de 14 municípios da região. De acordo com a diretora Kathilene Regina da Silva, são 86 alunos atendidos em contra turno, que contam com a uma equipe especializada para orientar e ensinar os alunos com deficiência. “Nossa instituição tem diversas parcerias com órgãos governamentais e setores da sociedade. Contudo, pelo amplo atendimento que prestamos às crianças, temos que estar sempre renovando nosso material pedagógico, além de objetos que possam ser utilizados pelos profissionais no atendimento dos alunos que serão adquiridos com o dinheiro dos artesanatos”, explicou.

EVENTO - O evento beneficente reuniu cerca de 140 pessoas. De acordo com a diretora, o balanço foi positivo e houve uma venda satisfatória dos artesanatos. “O resultado dessa parceria foi totalmente positivo e só temos a agradecer o trabalho e empenho das mulheres presas em Wenceslau Braz e do agente Jean”, disse Kathilene.