Polícia prende quatro criminosos fortemente armados envolvidos na fuga de presos em Piraquara 15/01/2017 - 16:30

Quatro homens fortemente armados foram presos por participação na fuga de 28 detentos de uma facção criminosa na Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP1), região metropolitana de Curitiba, neste domingo (15). Com eles, os policiais apreenderam três fuzis, duas pistolas e uma metralhadora, além de dois coletes balísticos e farta munição.

Dois dos 28 presos que fugiram morreram em confronto com a Polícia Militar e com agentes penitenciários da equipe do Setor de Operações Especiais (SOE), do Departamento Penitenciário (Depen). As polícias Militar e Civil estão empenhadas em recapturar os foragidos.

A ousada e planejada ação dos criminosos começou por volta de 3 horas da madrugada deste domingo -- quando os detentos da Casa de Custódia de Piraquara (CCP) tentaram, sem sucesso, fugir. Imediatamente equipes da PM e do SOE se deslocaram para atender a ocorrência. Às 5h30, dois estrondos foram ouvidos na PEP1. Um grupo de aproximadamente 15 homens, fortemente armados com fuzis, pistolas e explosivos, conseguiram abrir um buraco na muralha da penitenciária -- por onde os detentos conseguiram fugir.

Eles entraram em confronto armado com os policiais que estavam nas guaritas e com as equipes que se deslocavam para prestar apoio. A fuga de mais presos foi evitada após as forças de segurança conseguirem acessar o perímetro interno da PEP1.

"Os policiais e agentes penitenciários que estavam na guarita da PEP e os que fizeram o enfrentamento são verdadeiros herois, pois enfrentaram um grupo de homens fortemente armados. São herois porque foi um tiroteio muito intenso. Os policiais, agentes penitenciários e depois o Cope (Centro de Operações Policiais Especiais) enfrentaram armas longas para as quais não existe colete nem proteção adequada. Eles contiveram dentro daquele pavilhão cerca de 180 presos, que poderiam ter fugido. Presos perigosos, faccionados", disse o secretário da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná, Wagner Mesquita, em entrevista concedida no final da tarde de domingo, na sede do Batalhão de Polícia de Guarda (BPgD), que atua junto as unidades prisionais em todo o Estado.

O tenente coronel Maurício do PBGD afirmou que se não fosse a rápida intervenção dos policiais militares tanto na Casa de Custódia quanto na PEP1, o número de fugitivos poderia passar de 200. "Fizemos uma contenção com os agentes penitenciários de 216 detentos. Na sequência, foi efetivamente identificada como uma ação diversiva, feita (na Casa de Custódia) com intuito de tirar a atenção da tropa (da PM) que fazia a guarda externa das unidades prisionais", disse. "Para que as 5h da manhã ocorresse esta segunda ação com uso de explosivos, a mais grave, com intensa troca de tiros dos policiais militares com os presos", completou.

Durante a varredura feita horas após a fuga, foram encontrados dois mortos na área externa do presídio. Com eles, havia uma pistola, uma metralhadora Uzi 9 mm, além de uma bolsa com aproximadamente 300 cartuchos calibre 5.56 e um colete balístico. Os policiais encontraram ainda uma barraca, com alimentos e bebidas, que teria sido usada pelo grupo que deu cobertura para a fuga.

Quatro destes homens que atuaram no arrebatamento acabaram presos horas depois em um haras em Borda do Campo. Eles fizeram uma mulher como refém e se entregaram após negociação com policiais do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e do TIGRE (Tático Integrado Grupo de Repressão Especial) -- unidades de elite da PM e da PC, respectivamente.

Pelo menos dois deles pertencem à facção criminosa que age dentro e fora dos presídios em todo o país. "É inegável que uma ação desta, coordenada, planejada, com armamento pesado, e tendo como foco uma unidade prisional que abriga presos da facção criminosa, possa haver uma relação com os acontecimentos registrados no Amazonas, em Roraima e agora no Rio Grande do Norte", comparou Mesquita, se referindo a guerra entre duas facções criminosas.

"Esta guerra (entre as facções) está acontecendo no Brasil todo e, por isso, há algum tempo, estamos fazendo a separação entre eles dentro dos presídios. Conseguimos reagir à altura, com a prisão de quatro homens. É uma frustração aos planos desta facção", avaliou o diretor do Depen, Luiz Alberto Cartaxo de Moura. "A partir deste momento todas as atividades extraordinárias estão suspensas nas 33 unidades prisionais do Estado. Isso é um protocolo normal. Temos que fazer incursões dentro destas penitenciárias, para saber o que de fato está acontecendo. Vamos manter apenas a alimentação, assessoria médica, jurídica e odontológica até que a situação seja normalizada", completou Cartaxo.

OPERAÇÃO ALEXANDRIA -- A investigação sobre o plano de fuga ficará concentrada no COPE -- unidade de elite da Polícia Civil. "Com base no material apreendido, nas informações que estamos coletando e nesta ação coordenada por esta organização criminosa contra o Depen, nós vamos dar início a segunda fase da operação Alexandria", adiantou o secretário.

A operação Alexandria foi deflagrada em dezembro de 2015 quando foram cumpridos 767 mandados judicias de prisão contra integrantes da facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios. Foi a maior operação policial feita no país contra esta organização criminosa. Mesquita adiantou ainda que nesta semana vai solicitar novamente ao Ministério da Justiça a transferência de alguns presos que ocupam posição de comando na facção criminosa para presídios federais.

"O pedido de transferência foi feito logo após a operação Alexandria, mas até agora não tivemos uma resposta. Temos uma agenda esta semana com o ministro da Justiça e depois com o presidente da República e vamos reiterar a solicitação de remoção de presos, aqueles que nós temos informações que são parte desta organização criminosa. Vamos solicitar com ênfase para que sejam encaminhados para presídios federais", afirmou o secretário da Segurança.

GALERIA DE IMAGENS