A Penitenciária Feminina de Foz do Iguaçu – Unidade de Progressão (PFF-UP), em parceria com o Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceebja) Helena Kolody e a Universidade da Integração Latino-Americana (Unila), promoveu a apresentação da peça teatral “Um caminho com duas escolhas”, realizada nesta quarta-feira (29) nas dependências da unidade. O espetáculo, que conta a história ficcional de um jovem e suas escolhas, é integralmente interpretado por pessoas privadas de liberdade (PPL) e foi escrito por uma custodiada que também atua na montagem e no elenco.

O espetáculo teatral é fruto do desenvolvimento do Projeto Remição por Leitura, em especial do livro “Crime e Castigo”, do escritor e filósofo russo Fiódor Dostoiéviski. Na oportunidade, além de efetuarem a leitura e trabalharem os aspectos filosóficos e semânticos da obra, as PPLs realizaram a montagem de uma peça teatral. Desta primeira montagem, houve o desenvolvimento e concepção do espetáculo “Um caminho com duas escolhas”, muito mais complexo do ponto de vista da execução.

O teatro é uma das mais antigas e complexas manifestações artísticas, além de proporcionar um maior autoconhecimento, contribui para a melhora da autoestima, da integração social, da experimentação de novas vivências, e é uma ferramenta poderosa de autoconhecimento e reflexão sobre as consequências das decisões e atitudes que as pessoas acabam tomando no decorrer de suas vidas. Aliás, este é o tema central da peça “Um caminho com duas escolhas”, onde o personagem tem que arcar com o peso de suas decisões e as consequências de uma vida irresponsável que, por fim, afeta a todos que o cercam, e muitas vezes de forma irreparável. O personagem busca a redenção de seus atos através da mudança de paradigma que a sentença condenatória o impõe. A partir do cerceamento de sua liberdade, novas perspectivas se apresentam, novas oportunidades e um caminho de transformação e esperança se inicia.

A PPL autora do texto e do desenvolvimento dos personagens afirma que “a inspiração para a criação do espetáculo parte das vivências que ouvi de outras pessoas no ambiente prisional, e de toda a trajetória, ouvindo mulheres, mães e filhas, sendo uma obra de ficção com muita conexão com a realidade”.

Trabalho conjunto ente Polícia Penal e Educação

Toda a montagem da peça teve a supervisão de professores e pedagogos do Ceebja Helena Kolody e da equipe gestora da Polícia Penal do Paraná da PFF-UP. “É um divisor de águas no tratamento penal, pois foi capaz de incutir nas PPL’s uma nova visão de sociedade, construindo um caminho importante no processo de ressocialização. Todo o empenho, entrega dos professores e pedagogos valeu a pena”, afirma o diretor-geral do Ceebja Helena Kolody, o professor Djalma Machado da Cruz.

A diretora da PFF-UP, Caroline Queli Bondan, ressalta a importância do projeto para a ressocialização destas mulheres. “Uma peça teatral como essa, escrita por uma PPL, foi uma grata surpresa. Foi muito impactante e acredito no quanto isso pode contribuir para o processo de ressocialização, pois mostra o potencial de cada uma das atuantes e da autora que, tão maravilhosamente escreveu demonstrando todo seu talento. É uma peça que traz uma mensagem de esperança, e que pode ser fundamental na decisão por uma vida nova”, afirma.

Supervisão criteriosa e estratégia de ensino

Além do impacto mencionado na vida das PPLs participantes, é importante frisar que todo o trabalho de desenvolvimento do espetáculo teatral parte sempre de supervisão e desenvolvimento técnico da equipe pedagógica do Ceebja Helena Kolody, já que há aspectos do ponto de vista dos processos educacionais que sempre devem ser observados no desenvolvimento de atividades do tipo, conforme afirma a Pedagoga Josiane Kojo, supervisora do projeto. “O teatro é uma manifestação cultural, e como tal tem seu valor no processo educacional. Foi neste caso utilizado como uma estratégia pedagógica, como uma ferramenta para o desenvolvimento de outras habilidades educacionais as quais são esperadas que um cidadão as possua. Como profissional posso afirmar que o resultado foi imensamente gratificante”, pondera Josiane.

A Polícia Penal do Paraná (PPPR) tem em seu escopo o desenvolvimento de atividades de tratamento penal e para isso conta com profissionais que são capazes de desenvolver políticas públicas que gerem impactos significativos. Sempre com foco no cumprimento da lei, da promoção da dignidade da pessoa humana por meio de ações que beneficiem a toda sociedade Paranaense.