Nos dias 16 e 17 de novembro, mais de 80 pedagogos e autoridades penitenciárias do Paraná se reuniram no 1º Seminário Estadual do Grupo de Estudos dos Pedagogos do Sistema Penal. O evento ocorreu no auditório da Secretaria da Segurança Pública, em Curitiba.

Durante dois anos, os pedagogos do sistema prisional paranaense desenvolveram um estudo com o propósito de elaborar diretrizes para a atuação pedagógica diante das necessidades de pessoas privadas de liberdade. O encontro realizado teve o intuito de apresentar a minuta do caderno de orientações e debater práticas pedagógicas para a superação dos limites e carências sofridas pelo encarceramento, visando um efetivo apoio na elaboração de projetos de vida que contribuam para o retorno social do recluso.

O coordenador pedagógico da Educação de Jovens e Adultos (EJA), Anderson Muniz Canizella, explica que a escolarização do recluso no sistema prisional é uma das principais oportunidades que devem ser realizadas visando a reinserção social.

“O que estamos debatendo aqui hoje começou dois anos atrás, sendo realizado em todos os estabelecimentos penais através das pedagogas e pedagogos de todo o Estado. Uma das questões que sempre discutimos desde o início é a terminalidade da escolarização do recluso. De nada adianta debatermos sobre a escolarização dentro do sistema se não buscamos o foco da terminalidade. Dentro de todo o processo do estudo, colhemos ótimos resultados dentro das unidades, pois observamos que se o aluno conclui os estudos, ele tem mais chances de buscar algo a mais, como uma graduação ou qualificação profissional, por exemplo. E isso impacta diretamente na sua mudança de comportamento, de visão para o futuro, de vida”, esclarece.

“Eu gostaria de compartilhar que tive algumas experiências de participar de encontros nacionais de educação durante este ano, e eu posso afirmar para vocês que o Paraná é referência no país. Vocês, pedagogas e pedagogos, são vencedores de todo o trabalho que vem sendo realizado e de toda essa construção em conjunto que está sendo feita no sistema prisional paranaense. Sintam-se orgulhosos do que já construímos juntos, porque estamos sim no caminho certo”, finaliza Canizella.

O diretor-geral da Polícia Penal do Paraná, Reginaldo Peixoto, ressalta que o evento representa um marco na segurança pública e na evolução da educação no sistema prisional.

“Eu sei que daqui dez ou quinse anos vocês vão se lembrar desse trabalho importante que realizaram para a segurança pública. Lembro claramente que lá atrás, em unidades com centenas de detentos, nem uma dezena realizavam atividades educacionais. Vocês fazem parte da segurança pública, porque vocês são um dos maiores responsáveis por ensinar o valor da vida e do conhecimento a todos os reclusos que passam pela sala de aula de vocês, sendo, consequentemente, responsáveis também pela ressocialização e evolução de um indivíduo. Além disso, sei do quanto vocês lutam por uma normatização do trabalho que realizam, então eu parabenizo muito a conquista de vocês”, ressalta.

“O caderno de orientações que buscamos desenvolver será como uma ferramenta que fornecerá as diretrizes práticas e específicas da atuação dos pedagogos. Pudemos discutir durante o evento os tópicos conceituais de ampliação do campo de atuação do pedagogo a partir da definição do pedagogo enquanto profissional, não havendo diferença entre os educadores da escola e das unidades. Ficamos satisfeitos com as produções realizadas ao longo de dois anos, de árduo trabalho, dessa forma concluímos que todos os objetivos foram alcançados”, compartilha a técnica pedagógica da EJA da Secretaria da Educação, Rosangela Tasca.

A pedagoga e diretora do Ceebja Professor Manoel Machado do município de Londrina, Ivoneide Parra, ressalta a importância da integração entre a Secretaria da Educação e Secretaria da Segurança Pública: “É fundamental para o conhecimento e a devida importância da educação e função de cada setor. Tivemos a participação conjunta da SEED, Ceebjas, coordenadores regionais, diretores de estabelecimentos penais e direção do Departamento de Polícia Penal do Paraná, o que destaca a importância do processo de educação na reintegração da pessoa privada de liberdade”.