Método CIS visa desenvolver a inteligência emocional de apenados no Paraná 04/07/2024 - 09:42
No âmbito do sistema penitenciário do Paraná, uma iniciativa transformadora tem ganhado destaque na busca pela reintegração social dos apenados. O Método CIS, desenvolvido pelo renomado escritor Paulo Vieira, representa uma abordagem inovadora que utiliza a inteligência emocional para reestruturar vidas e carreiras profissionais. Essa iniciativa foi introduzida pela Polícia Penal do Paraná (PPPR) no sistema prisional com o objetivo de promover uma mudança de mentalidade e comportamento tanto individual quanto coletiva.
O CIS, que significa Coaching Integral Sistêmico, visa promover uma transformação profunda e duradoura nos participantes. Mais de 250 pessoas privadas de liberdade, custodiadas no sistema penitenciário do Paraná, já foram beneficiadas entre os meses de abril e junho de 2024. O curso, disponibilizado gratuitamente pela Febracis em parceria com a Polícia Penal, é conduzido em formato de imersão, permitindo que os apenados se conectem profundamente com o conteúdo e metodologia propostos. Fundada por Paulo Vieira, a Febracis é reconhecida por sua atuação destacada no mercado, promovendo transformações significativas por meio do CIS.
Para Reginaldo Peixoto, diretor-geral da PPPR, este método não apenas promove mudanças individuais profundas, mas também contribui para a construção de um ambiente carcerário mais positivo e humano. “Esta iniciativa não apenas transforma vidas, mas também abre novos horizontes para os custodiados, preparando-os para uma reintegração efetiva na sociedade”, afirma.
“A oferta do Método CIS oportunizou aos privados de liberdade a reflexão sobre a razão e a emoção. Os depoimentos destas pessoas coletados durante e após o curso foram impactantes, evidenciando novos aprendizados e as possibilidades de mudanças de vida nos âmbitos pessoal, familiar, profissional e espiritual”, destaca o chefe da Divisão de Educação e Capacitação da PPPR, Diego Piotrowski Machado.
O método foi apresentado ao sistema penitenciário do Paraná pelo Juiz Deomar Alexandre de Pinho Barroso, do Tribunal de Justiça do Pará, que, após observar os impactos positivos no Estado onde foi inicialmente aplicado, buscou replicar a iniciativa no sistema paranaense. “A primeira coisa que o Método CIS faz é abrir a visão. As pessoas muitas vezes não têm compreensão de que é possível ter uma vida melhor, mais saudável e abundante. Isso vale para qualquer pessoa, incluindo os agentes do sistema prisional, como os policiais penais e pessoas privadas de liberdade. Para o policial, é importante que ele trabalhe muito bem as emoções positivas, mesmo estando em um ambiente delicado. Já o apenado precisa se desiludir do mundo do crime, sair dessa vida disfuncional, onde sempre alguém precisa perder para ele ganhar. Ele precisa buscar uma vida melhor, uma virada de chave, onde há crescimento pessoal sendo feliz, longe do crime. Desde a implantação do CIS no sistema prisional no Pará, conseguimos ver uma mudança coletiva considerável. Muitos apenados conseguiram ressignificar suas famílias, muitos estão empregados, muitos conseguiram aprovação em vestibulares, outros quebraram barreiras e conseguiram declarar um ‘eu te amo’ para seus familiares. Foram muitos os benefícios”, explica.
O CIS abrange aspectos essenciais como saúde, família, relacionamentos, financeiro e social, proporcionando aos apenados ferramentas valiosas para reconstruir suas vidas com autoconfiança e determinação.
“A realização do Método CIS em unidades penais em todas as regionais administrativas da PPPR foi muito benéfica. Pelos relatos das pessoas privadas de liberdade que participaram dos encontros, foi possível verificar que o método alcançou o objetivo principal, que era promover a reflexão sobre suas vidas, autorresponsabilização e mudança de paradigmas, visando principalmente abrir possibilidades de construção de novas oportunidades e caminhos a trilhar, começando pelos comportamentos e escolhas dentro do sistema penitenciário e, principalmente, após o retorno ao convívio familiar e social”, enfatiza a diretora de Tratamento Penal da PPPR, Lizandra Bueno.
“Aqui na unidade, iniciamos a jornada de imersão no Método CIS em 18 de abril com uma turma de 18 alunos. Mesmo sem saber muito bem do que se tratava o curso e quais seriam as aprendizagens, convidamos os participantes a se permitirem olhar para o seu interior e permitir que Paulo Vieira e Camila Vieira, com sua vasta experiência, transformassem suas vidas”, destaca a pedagoga da Penitenciária Estadual de Guarapuava – Unidade de Progressão (PEG-UP), Maxcimira Carlota Zolinger Mendes.
Na mesma unidade, ao serem questionados sobre a vida que levam no cárcere, um apenado de 32 anos respondeu: “Vim me restaurar!”, demonstrando seu desejo de “encontrar a sua melhor versão”. Outro apenado, de 56 anos, condenado a 8 anos de reclusão, salientou que o curso e toda a sua metodologia o levaram a muitas reflexões e que seria muito bom se todos os privados de liberdade tivessem a oportunidade de revisar suas vidas e ter uma ferramenta tão poderosa de ressocialização como o Método CIS. “Vou sair da zona de conforto. Vou parar de contar historinha. Vou parar de me vitimizar”, disse um terceiro custodiado, de 46 anos. Já uma PPL de 34 anos, condenada a 20 anos de reclusão, afirmou que “ninguém consegue viver sem encontrar valor em si mesmo. Quem não se arrepende, não se transforma”, finaliza.
Diante dos desafios enfrentados pelo sistema penitenciário, a Polícia Penal do Paraná continua comprometida em buscar alternativas inovadoras e eficazes para a ressocialização dos custodiados. O Método CIS emerge como uma luz no caminho, oferecendo esperança e oportunidades reais de transformação para aqueles que buscam um novo começo.