Justiça Restaurativa fortalece a reintegração social de monitorados e egressos do Complexo Social de Curitiba 12/02/2025 - 17:14

A Polícia Penal do Paraná, em parceria com a Vara de Execução Penal de Curitiba, implantou a Justiça Restaurativa nos Complexos Sociais, espaços voltados para monitorados do regime semiaberto e egressos do sistema prisional. A iniciativa surgiu como uma estratégia para incentivar a permanência dessas pessoas nos empregos intermediados pelos Complexos Sociais, garantindo melhores condições de reintegração à sociedade.

Para o chefe da Reintegração Social da PPPR, Rodrigo Fávaro, o curso dá um significado à ideia de ser reinserido economicamente na sociedade para os egressos. “O foco da justiça restaurativa é a busca do eu verdadeiro. Então, são círculos reflexivos, círculos de paz, que são feitos para que ele consiga atribuir um sentido à oferta de trabalho que ele está recebendo através dos complexos sociais”, explica.

“O propósito desse projeto vai muito além de encaminhar pessoas para trabalhar, o propósito aqui é das pessoas se encontrarem, no quesito evolução humana. Nós sabemos que as portas da sociedade nem sempre estão abertas para pessoas egressas do sistema,  aqui as portas e janelas estão”, disse a coordenadora do complexo social da PPPR, Darla Cebulski.
No Complexo Social de Curitiba, os primeiros cursos de Justiça Restaurativa foram aplicados dentro dessa proposta, em novembro de 2024, e mostraram resultados positivos. Após a implementação do método, a permanência dos participantes nos postos de trabalho é de 100%, zerando o número de desistências ou evasões. 

Com o sucesso da iniciativa, a partir de janeiro, a capacitação em círculos restaurativos passou a ser obrigatória para todos que ingressam no programa de empregos dos Complexos Sociais.

“É uma ferramenta que busca o diálogo e que tem resultados sensacionais [...] A nossa ideia é que esses lugares sejam lugares que libertem as pessoas privadas de liberdade para que elas tenham, principalmente, a mente liberta. A gente pode fazer diferente, apesar da história que já tivemos”, pontuou a juíza de direito substituta da Vara de Execução Penal, Laryssa Angélica Copack Muniz. 

Novos facilitadores - 11 egressos, funcionários contratados pela Central de Abastecimento de Curitiba (CEASA), concluíram a formação como facilitadores de Círculos de Construção de Paz – Círculos não Conflitivos, nesta terça-feira (11). O curso, que aconteceu em cinco dias e teve 20 horas de duração, promoveu técnicas de diálogo, escuta ativa e mediação de conflitos. Assim, capacitando os participantes para promover um ambiente mais harmonioso e colaborativo nos locais onde trabalham.

“Eu acho que todos precisam fazer. Não é somente um curso que você vai usar no teu trabalho, no teu dia a dia, você vai usar na tua vida”, afirma um dos formandos. Ele, que já faz parte do projeto há cinco anos, pontua: “Não podemos pedir para ninguém ficar, mas o convite para estar aqui está todo dia, a vaga está lá. Eu sei que no dia a dia vai surgir um probleminha aqui, outro ali, mas não é hora de existir, é hora de abraçar a oportunidade”. 

Além de auxiliar na adaptação ao mercado de trabalho, a formação reforça a autonomia dos monitorados e objetiva dar continuidade no aprendizado iniciado no Complexo Social.

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