Uma detenta do Centro de Regime Semiaberto Feminino de Curitiba (Craf) participou de um treinamento intensivo no Museu Paranaense, em Curitiba, ao longo da última semana. Além de aprender uma nova profissão, ela irá atuar na conservação do acervo do Museu Penitenciário.

M.M, de 53 anos, presa há quatro meses na Craf, trabalhará com um acervo de mais de 20 mil prontuários de presos que passaram pelo sistema prisional, desde 1909, que agora serão analisados e catalogados. "O treinamento foi maravilhoso, aprendi a limpar, catalogar e também a realizar pequenos reparos nos documentos mais desgastados. Estou muito empolgada com essa oportunidade e não vejo a hora de iniciar os trabalhos", conta a presa.

De acordo com a responsável pelo laboratório de conservação e restauração do Museu Paranaense, Deise Falasca de Moraes, o trabalho é minucioso e demorado. “Exige atenção e paciência. Ela se devolveu muito bem ao longo do treinamento", afirma.

A intenção é que a capacitação fornecida pelo Museu Paranaense seja multiplicada, informa o diretor da Escola de Serviços Penais do Depen e um dos responsáveis pelo Museu Penitenciário, Edevaldo Miguel Costacurta. "Nossa intenção é fornecer esse mesmo treinamento para outras pessoas privadas de liberdade e formar uma equipe que atue diretamente na conservação e catalogação do nosso acervo", conta.

PARCERIA – O Departamento de Execução Penal (Depen) e o Museu Paranaense possuem uma parceria desde 2008. Alguns móveis e documentos do sistema penitenciário foram disponibilizados para o acervo do Museu Paranaense. Em contrapartida, o museu contribui com a restauração de peças e na identificação de materiais.

"Essa parceria com o Depen não é de agora. Queremos ajudá-los a ampliar esse trabalho e melhorar a preservação desse patrimônio, essa memória que é de todos", declara o diretor do Museu Paranaense, Renato Augusto Carneiro Junior.