Custodiados na Cadeia Pública de Irati, localizada na região Sudeste do Paraná, encerraram nesta quinta-feira (14) as atividades do projeto de extensão intitulado ‘Círculo de Leitura: dialogando a literatura no cárcere’. A iniciativa foi promovida pela Seção de Relação Comunitária do Câmpus de Irati da Unicentro (Serecom), em parceria com o Conselho da Comunidade da Comarca de Irati e contou com o apoio da Polícia Penal do Paraná (PPPR). O evento reuniu 22 pessoas privados de liberdade (PPL). Todos foram agraciados com brindes doados por empresários locais, como toalhas, chinelos e itens de higiene, além de receberem certificados de participação no concurso literário.

Os poemas foram organizados de acordo com os dois projetos desenvolvidos pelo Conselho da Comunidade. O primeiro deles, chamado ‘Pedagogia da Inclusão: Letramento e Escrita’, oferece aulas semanais para os apenados com baixa escolaridade. Já o segundo, intitulado ‘Liberdade pela Leitura’, concentra-se na produção de resenhas dos livros lidos pelos PPLs. Ambas as iniciativas possibilitam a remição de parte da pena dos participantes. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cada obra lida corresponde à remição de quatro dias da pena, limitando-se, no prazo de 12 meses, a até 12 obras efetivamente lidas e avaliadas, com a possibilidade de remir até 48 dias por ano.

Neste ano, 13 pessoas participaram da ‘Pedagogia da Inclusão’ e 40 elaboraram resenhas, representando o maior número de participantes no projeto até o momento. Durante as atividades, os participantes submeteram poemas, dos quais foram escolhidos os três melhores em cada categoria.

“A ideia que nasceu lá em 2008, com a professora Anízia Costa Zych, se tornou um projeto já conhecido em nível de estado e nós estamos muito orgulhosos de ter esse reconhecimento não apenas pela sociedade civil, mas também por toda a estrutura do Ministério Público, do Judiciário. É ainda um projeto muito bem aceito dentro do sistema carcerário aqui em Irati”, enfatiza o coordenador do concurso literário e agente universitário, Nelson Susko.

A pedagoga Jaline Gura Filipaki reforça o sentimento mútuo de gratidão. “Em todas as aulas nós falamos que a gente está ensinando para a vida. Trazemos trabalhos para eles, para quando saírem do espaço prisional, possam levar consigo o que aprenderam. Também prezamos pelo respeito à trajetória deles. Este ano é uma turma em que a grande maioria é de idosos. Então para a gente é gratificante ver essa troca de experiências e sempre trazer coisas novas para eles”, pontua.

A estagiária do curso de letras do Conselho da Comunidade, Bruna Mendes, destaca o impacto positivo dos projetos, ressaltando os números alcançados com estas atividades. “Cerca de 50% dos privados de liberdade aqui da Cadeia Pública participaram de projetos de remição da pena através da educação”, afirma.

Um dos apenados participantes do projeto de letramento destacou que o estudo é enriquecedor e contribui para o desenvolvimento pessoal. Ele expressou sua gratidão pelo tratamento humano recebido das professoras, ressaltando o impacto positivo dos textos em sua vida.