Atividades culturais, esportivas e de lazer estão sendo oferecidas aos detentos do sistema penitenciário paranaense durante a Semana Cultural do Departamento de Execução Penal (Depen), que se estende até quinta-feira (20).

Junto com rodas de leitura e de capoeira, apresentações de teatro e oficinas, como de xadrez e literatura, a ideia é oferecer temas variados para palestras de convidados, como “saúde e envelhecimento”, “o egresso e a reincidência”, “inteligência emocional”, “meditação” e “autoestima e projeto de vida”. 

“Além de promovermos a divulgação dos trabalhos que estão sendo feitos dentro das próprias unidades, as palestras escolhidas abrem os horizontes para que os detentos possam interagir com o pessoal de fora e servem como um incentivo à mudança de vida”, afirma o chefe da Divisão de Educação e Trabalho do Depen, Boanerges Silvestre Boeno Filho. 

No Complexo Penitenciário de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, a abertura do evento foi feita pelo jurista e presidente do Conselho Penitenciário (Copen), Dálio Zippin Filho, que conversou com detentos da Colônia Penal Agroindustrial do Estado do Paraná (CPAI) sobre as dificuldades enfrentadas pelo encarcerado. 

De acordo com o diretor da CPAI, Ismael Salgueiro Meira, no local há 1.050 detentos trabalhando e 915 em atividades de ensino, o que coloca a Colônia Penal como uma das unidades que mais têm presos estudando, no Brasil. “São pessoas que precisam de um novo caminho para suas vidas, para que tenham uma esperança de mudança”, acredita ele.

A mostra das atividades desenvolvidas por grupos de detentos foi destacada pelo coordenador da educação de jovens e adultos no sistema prisional, Edílson Gomes da Costa. “São momentos em que os detentos podem mostrar seus talentos e levar lá para fora a cultura da arte e da música, para que possa ser maior que a cultura da violência”, disse.

PALESTRAS - Entre os palestrantes que estão marcando presença na Semana Cultural do Depen estão Nilson Monteiro e Ernani Buchmann, que integram a Academia Paranaense de Letras; Eliane Padovani, da ONG Mãos sem Fronteira; e Fernanda Edi Matos, do Instituto Mundo Melhor.

Nesta terça-feira (18), Rogério Pereira, da Biblioteca Pública do Paraná, conversou com presos da Casa de Custódia de Piraquara, com a palestra “Ler para Viver”, na qual contou experiências pessoais de histórias de amor à leitura. “Gostaria muito que a leitura fosse imprescindível na vida deles, da forma que cada um achar mais pertinente”, compartilhou Pereira, que pela segunda vez participou de atividades no sistema penitenciário. 

“A literatura é um ato de humanização, nos dá a capacidade de olhar o mundo de maneira mais crítica e de poder duvidar das coisas. Cada pessoa procura algo diferente na leitura, que é importante, independente do lugar em que você esteja”, analisou ele.