Centro de Integração Social promove evento de conscientização e valorização da cultura negra no sistema prisional 02/12/2024 - 16:54

Entre os dias 25 e 27 de novembro, o Centro de Integração Social (CIS), localizado no Complexo Penitenciário de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, recebeu a realização do evento “Projeto Áwò Ominira”, uma iniciativa da Polícia Penal do Paraná (PPPR). O projeto, idealizado pela policial penal Vaneska Calixto da Costa, teve como objetivo homenagear o mês da Consciência Negra, promovendo reflexão sobre a autoestima, empoderamento feminino e o combate à discriminação, com um enfoque especial para as mulheres negras custodiadas no CIS.

Com foco em políticas de diversidade, inclusão e respeito às diferenças, o evento buscou contribuir para um tratamento penal humanizado e fortalecer o bem-estar pessoal e espiritual das participantes. Além disso, procurou preparar as custodiadas para a reintegração social, dando-lhes ferramentas para um novo começo.

No dia 25, o primeiro dia de atividades contou com uma palestra sobre “Saúde da Mulher Negra”, ministrada pela Dra. Alaerte Leandro Martins, que trouxe reflexões sobre os desafios e cuidados necessários à saúde das mulheres negras. A programação do dia também incluiu uma oficina de tranças, conduzida pelas profissionais Mila Santana e Ednalva Aparecida, promovendo uma valorização da estética e cultura negra.

No segundo dia, o evento teve a presença do Sr. Baba Flávio Maciel, que ministrou uma palestra sobre religião e cultura afro-brasileiras. Sua fala abordou a importância do legado cultural e religioso afro no contexto brasileiro, essencial para a construção de identidade e autoestima das mulheres negras.

O terceiro dia de atividades foi marcado por uma roda de conversa sobre racismo, com a participação de mulheres ativistas do Movimento Negro de Curitiba. A mesa foi composta pela mestra em educação e especialista em práticas restaurativas, professora Jane Cleide Alves Hir; a socióloga e professora universitária da Uninter, professora Andressa Inácio; a graduada em Letras, pesquisadora sobre os impactos da leitura mediada no sistema prisional, professora universitária da Uninter, professora Thays Carvalho César; o egbome do Ilê Omi Axé Babá Oxalá, em Fazenda Rio Grande, Edimar Matias da Silva e a socióloga do Canal Futura, Diva Daiana.

Além das palestras e oficinas, durante todos os dias do evento, foram realizadas rodas de conversa com o tema “Vejo, Sinto e Falo”, “Meninas, eu Vi” e “UBUNTU, Ser e Fazer”. Essas rodas de conversa tiveram como objetivo proporcionar um espaço seguro para as custodiadas compartilharem suas experiências e refletirem sobre suas vivências e desafios.

Encerramento e repercussão - O evento foi encerrado com uma apresentação do “Grupo de Capoeira Guerreiros dos Palmares – Á Luta Brasileira”, celebrando a cultura e resistência negras por meio da capoeira.

Emocionada, a diretora do CIS, Marilu Katia da Costa, destacou a importância do evento e afirmou: “Este projeto é uma potência e o trabalho de conscientização deve ser realizado todos os dias. Foi idealizado, pensado e executado com muito carinho. Trazer ao conhecimento destas pessoas cultura, religiosidade e as potencialidades da negritude foi emocionante e místico. Observar a troca de experiências entre as potências do cenário negro e as mulheres custodiadas brancas, pardas e negras foi valioso. Tão marcante que se tornará um programa a ser desenvolvido ao longo de 2025”, explica.

“Foi uma experiência muito significativa realizar esta palestra e conversar com as apenadas sobre racismo religioso, um reflexo do racismo estrutural no Brasil. Foi importante ouvi-las, entender o que já sabiam e compartilhar conhecimentos que não tinham, mostrando como o senso comum, a demonização e o preconceito ainda estão enraizados, mesmo no contexto da privação de liberdade. Tivemos a oportunidade de apresentar melhor essas tradições religiosas e a cultura que tem sido historicamente apagada e combatida por culturas hegemônicas. Em um espaço prisional, a religião é um apoio fundamental para a recuperação da fé, da esperança e da autoestima dessas pessoas”, destaca o palestrante Sr. Baba Flávio Maciel.

A idealizadora do projeto, Vaneska Calixto da Costa, também comentou sobre a relevância da ação: “A luta contra o racismo, bem como outros tipos de discriminação, é uma responsabilidade de todos, e ações como estas visam dar mais efetividade nas políticas de diversidade e antidiscriminatórias dentro do sistema penitenciário do Paraná”, afirma.

A socióloga e professora da Uninter, Andressa Ignácio, salientou a urgência do debate sobre o racismo, especialmente no contexto das mulheres custodiadas: “O letramento racial, o debate sobre o racismo e o fortalecimento da autoestima e identidade de mulheres negras é um trabalho urgente. Acredito que o processo de ressocialização precisa passar pela compreensão das relações raciais. As mulheres negras custodiadas precisam entender como serão afetadas pelo racismo em seu cotidiano, tanto no sistema prisional quanto após a reintegração à sociedade”, enfatiza.

“Para mim foi uma honra participar do Projeto Àwò Ominira. A idealização e a implementação do mesmo reafirmaram o ideal da educação em prisões: abrir espaços para a humanização que promove caminhos para o ‘Ser Mais’ de todos os envolvidos”, finaliza a professora Jane Cleide Alves Hir.

O Projeto Áwò Ominira representou um importante marco para a conscientização e reflexão sobre o empoderamento feminino, a cultura negra e o enfrentamento do racismo no sistema prisional do Paraná.

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