Bate-papo virtual aborda as peculiaridades do sistema prisional feminino 08/07/2020 - 20:07

Com uma intérprete de libras, para dar possibilidade um público maior acompanhar, “As peculiaridades de uma prisão feminina” foi tema de um bate-papo na noite desta terça-feira (07/08). A live promovida pela Capelania Prisional Batista teve como convidadas a vice-diretora da Penitenciária Feminina de Piraquara (PFP), Juliana Heindyk, e a psicóloga e voluntária da unidade, Ester Storck, com mediação do pastor Luís Carlos Magalhães e da jornalista Angélica Favretto.

A live foi acompanhada por servidores do Departamento Penitenciário e paranaenses de todo o estado, assim como de outros estados, interessados no assunto.

Já no início da conversa, Juliana destacou que o papel das agentes penitenciárias no Paraná. “Temos agentes na direção de unidades, inclusive masculinas, na chefia do gabinete e em coordenações. Já entre as internas, temos apenas 5% de mulheres entre os custodiados pelo Departamento Penitenciário do Paraná”, afirmou.

Essa diferença na quantidade de homens e mulheres encarcerados foi, inclusive, um dos assuntos da conversa. Para a psicóloga Ester Storck, isso se dá por conta da diferença da criação das crianças. “As mulheres tratam dpo que estão sentindo desde novas, elas trabalham mais a afetividade, expõe-se mais com as amigas. Já os meninos, não, eles brincam de carrinho, são criados ouvindo que meninos não choram, por exemplo. Não aprendem a lidar com sentimentos”, afirmou.

A forma de separação do perfil de presas também foi tema do bate-papo. “Há uma separação total. As presas do seguro têm atividades desenvolvidas em dias completamente diferentes das outras presas do sistema carcerário, porque a gente não pode deixar que elas corram qualquer risco de sofrerem agressões físicas, por exemplo”, contou a a vice-diretora da PFP.

Durante a conversa, Juliana ainda falou sobre a importância da religião no trabalho de ressocialização e mesmo para as agentes. “Todos os projetos são muito importantes, desde os cursos com as presas e mesmo o café para as agentes, que é promovido pela Capelania, os cultos e tudo mais”, destacou.

O bate-papo ainda abordou a questão dos filhos e mesmo de como lidar com os sentimentos das internas. Outro assunto debatido são as formas de aproximar as presas com a Palavra de Deus na busca da recuperação delas. “Buscamos sempre aprimorar os projetos para melhorar o sistema carcerário. No Depen, temos, por exemplo, a Política de Atenção Integral às Mulheres Privadas de Liberdade e Egressas do Sistema Penal, que é a PEAME, e que deve ser estendido em breve para o interior do estado com este objetivo”, afirmou Juliana.

JULIANA HEINDYK é graduada em direito e pós-graduada em direito penal, processo penal e gestão prisional. No momento, ela cursa pós-graduação em administração pública. Juntamente com Alessandra Antunes do Prado, ela divide a direção da PFP.

ESTER STORCK é psicóloga e já trabalhou de voluntária com crianças marginalizadas, incluindo filhos de mães e pais que se encontravam presos. A profissional teve contato com o sistema prisional ainda pequena, uma vez que a mãe era assistente social da PFP.

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