Foi iniciado nesta terça-feira (23), na Cadeia Pública Feminina de Londrina, a primeira edição do ‘Projeto Saúde Para Elas’, que durante os doze meses do ano, abordará temas ligados a saúde das mulheres, doenças com maior número de incidência nas dependências da unidade, saúde bucal e orientações de higiene pessoal. A cada mês, um tema definido de acordo com as necessidades da unidade será trabalhado através de palestras, intervenções com panfletos explicativos e atividades lúdicas com o intuito de levar conhecimento, tirar dúvidas, eliminar alguns tabus e orientar as mulheres privadas de liberdade. O projeto tem como objetivo trazer medidas profiláticas a fim de atenuar várias situações através da orientação de profissionais de saúde.

“Este projeto é de suma importância para as mulheres privadas de liberdade, tendo em vista que muitas delas perderam os vínculos familiares e afetivos, não têm uma frequência de visitas de amigos e acabam deixando de lado a vaidade e os cuidados com a saúde. Este projeto visa não só o melhoramento pessoal, mas também da saúde de todas as mulheres, trazendo de volta os cuidados diários femininos, a boa convivência entre estas pessoas, sendo este momento uma excelente oportunidade para repassar importantes instruções que certamente trarão grandes benefícios às custodiadas”, enfatiza o diretor em exercício da Regional Administrativa da PPPR em Londrina, Lincoln Costa.

“O projeto vem como uma forma de prevenção, para entender e saber como se cuidar de forma efetiva, gerando um ciclo de bem-estar e de melhora da autoestima. Plantamos sementes de conhecimento que serão disseminados entre as mulheres privadas de liberdade e entre as famílias”, explica a diretora da Cadeia Pública Feminina, Soraya Ursi.

Coordenado pela odontologista Kátia Cabral, o primeiro ciclo de orientações aborda um tema comum e de muitas dúvidas: os furúnculos. Na maioria das vezes, o furúnculo é causado pela bactéria Staphylococcus Aureus, um tipo bastante comum e que pode ser encontrado na pele e na parte interior do nariz. No entanto, a infecção também pode ser provocada por outras bactérias ou fungos presentes na superfície da pele. “Foi observado o crescimento de algumas enfermidades aqui na unidade, o que deixou clara a falta de conhecimento com a própria saúde e cuidado com a higiene pessoal. Mesmo tratando as enfermidades, a recorrência da mesma era grande, ficando evidente que sem o conhecimento necessário e sem a devida instrução não obteríamos sucesso, foi então que decidimos fazer algumas palestras e estudos para as mulheres privadas de liberdade, sendo assim, com novos hábitos, com o aprendizado correto, conseguiríamos controlar as enfermidades de maior ocorrência nesta unidade feminina”, aponta Kátia.

A enfermeira Ingrid Franciline da Silva, que fez a primeira palestra deste projeto, fez uma série de orientações às mulheres quanto às formas de contaminação, a higiene necessária para prevenção e ao tratamento. “A importância da prevenção e cuidados com a saúde é essencial para uma melhor qualidade de vida, ou melhoria do ambiente em que atualmente essas mulheres se encontram. Angariar conhecimento é algo que jamais será tirado delas e poderão levar consigo os hábitos de mudança desde a higiene pessoal e autocuidado, que poderão fazer a total diferença em uma vida mais saudável dentro de sua realidade. É um trabalho importante pela frente, cuidadoso, pois a maioria delas é totalmente leiga e não possui o conhecimento de que há possibilidade de melhoria por mais simples que possam parecer, mas farão grande diferença na vida de cada uma”, explica Ingrid.

Além da orientação entre as privadas de liberdade da Unidade, um material explicativo sobre cada tema deverá ser entregue aos familiares nos dias de visita. A cada mês um novo tema será abordado, com a presença de um profissional de saúde convidado.