No Paraná, mais de 4 mil presos fazem prova para certificação de competência de jovens e adultos 20/10/2021 - 18:50
Mais de quatro mil pessoas privadas de liberdade fizeram a prova do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), realizada em todas as unidades prisionais do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen-PR). O Encceja é mais uma oportunidade aos presos que não tiveram chance de concluir os estudos na idade apropriada. Nesta edição foram 4.178 presos que fizeram as provas, sendo 649 a mais que na última edição, o que representa um aumento de 15,53%. As provas foram aplicadas dias 13 e 14 de outubro,
Para a coordenadora do setor de Educação e Capacitação do Depen, Irecilse Drongek, o aumento do número de presos que fizeram a prova e que querem avançar nos estudos é o reflexo do esforço da instituição para conscientizar sobre a importância do Encceja. O exame é considerado mais uma forma de ampliar ações de educação, proporcionando novas perspectivas de vida às pessoas privadas de liberdade.
“O exame pode ajudar na conclusão do primeiro ou segundo grau, conforme a escolaridade do aluno, eliminando todas as matérias com a realização de apenas uma prova. A partir disso, com o preso concluindo o grau de escolaridade, a inserção no mercado de trabalho é facilitada e a pessoa fica estimulada a avançar nos estudos até chegar em um nível superior”, diz Irecilse.
DADOS – A regional que registrou o maior número de presos na prova foi a de Londrina (1.125), seguido de Curitiba e Região Metropolitana (1.124), Maringá e Cruzeiro do Oeste (735), Francisco Beltrão e Guarapuava (444), Ponta Grossa (341), Foz do Iguaçu (232) e Cascavel (173).
A regional de Maringá e Cruzeiro do Oeste foi a que teve maior porcentagem de inscritos que realmente fizeram a prova, quase 70%. Na sequência foram Londrina (63,88%), Foz do Iguaçu (63,04%), Ponta Grossa (62%), Curitiba e Região Metropolitana (59,15%), Francisco Beltrão e Guarapuava (50,28%) e Cascavel (44,02%).
No geral, somadas todas as regionais, o índice foi de 60,44% dos presos inscritos que fizeram efetivamente o exame nacional. Os principais motivos de ausência na prova é que alguns saíram do sistema prisional após a inscrição ou foram transferidos de unidade. Na última edição, dos 5.267 inscritos, 902 efetivamente concluíram os estudos, o que representa pouco mais de 17%.
ENCCEJA - O Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos teve a primeira edição em 2002. O objetivo é aferir competências, habilidades e saberes de jovens e adultos que não concluíram o Ensino Fundamental ou Ensino Médio na idade adequada. A organização do exame no Sistema Prisional do Paraná é coordenado pelo Setor de Educação do Depen e as inscrições foram realizadas pelas pedagogas das unidades penais.
As provas foram organizadas por área de conhecimento e respectivos componentes curriculares. Para o Ensino Fundamental foram aplicadas provas de Ciências Naturais; História e Geografia; Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Artes, Educação Física e Redação e Matemática. Já para o Ensino Médio foram aplicadas provas das áreas de conhecimento de Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias; Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação e Matemática e suas Tecnologias.
REMIÇÃO - Além da oportunidade de a pessoa privada de liberdade concluir a educação básica, ela também pode solicitar a remição de pena, conforme a Resolução n° 391 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A verificação do pedido é feita pelo Poder Judiciário, que reconhece o direito, por meio das práticas sociais educativas em unidades de privação de liberdade.
CURITIBA - O Complexo Social de Curitiba está entre as unidades que aplicaram a prova do Encceja. Participaram 66 presos. A diretora do Escritório Social, em Curitiba, Marilu Kátia da Costa, destacou que a principal busca das pessoas privadas de liberdade para a participação no Encceja é a procura por vaga de emprego.
"Sabemos que a educação formal agrega valor ao currículo. Desta forma, a nossa equipe trabalha incentivando nosso público para a superação diária, tornando essas pessoas capazes de se integrar à sociedade de maneira sólida, diminuindo significativamente a reincidência. Foram semanas de preparo, com aulões de revisões e esforço conjunto, buscando a concretização dos direitos fundamentais, que é o dever de todos", disse ela.
Ao todo, o Paraná conta com 12 Complexos Sociais, localizados em Curitiba, Ponta Grossa, Londrina, Cascavel, Campo Mourão, Paranavaí, Francisco Beltrão, Cruzeiro do Oeste, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Maringá e Toledo.