Mulheres privadas de liberdade realizam desfile com peças produzidas na Penitenciária Feminina do Paraná 07/10/2022 - 15:03

No dia 20 de agosto de 2022, aconteceu o primeiro desfile de moda da Penitenciária Feminina do Paraná – PFP, desenvolvido em parceria com ONG Redirect. Ao todo, foram apresentadas para os convidados presentes, 32 looks, confeccionados pelas alunas do curso de Design de Moda, ministrado pela professora Hello Souza, em pareceria com Milene Manfredini. Também fazem parte do projeto, o agente penitenciário Igor Rocha, da Penitenciária Desembargador Adriano Marrey e o estilista Gustavo Silvestre, que desenvolvem o projeto Ponto Firme, na cidade de Guarulhos – SP.

O evento contou com uma superestrutura com duas tendas para acomodar todos os convidados em um dos dias mais frios do ano.

Na passarela, de tapete vermelho, desfilaram 14 modelos, todas internas da unidade, que se dedicaram para que tudo ocorresse da forma mais profissional possível. As mulheres privadas de liberdade, tiveram aulas teóricas e práticas de passarela. As aulas teóricas foram realizadas com maestria e seriedade, através de um curso online com o “Mestre dos Saltos”, e instrutor de passarela da modelo e apresentadora Ana Hickmann e Namie Wihby. As aulas práticas, presenciais, foram proporcionadas pela modelo e Miss Pinhais 2016, Karina Reis.

O Ponto Firme é um projeto social que surgiu em 2015 e que oferece formação técnica em crochê para sentenciados da Penitenciária Desembargador Adriano Marrey de Guarulhos – SP. Começou com apenas onze alunos e, hoje, já soma 120 apenados formados.

O projeto leva afeto, design, estética e promove transformação social, através da moda, para apenados e egressos do sistema prisional. Os trabalhos desenvolvidos pelos participantes, fazem parte do calendário oficial do São Paulo Fashion Week- SPFW, que já foram apresentados na Pinacoteca de São Paulo, na SP-Arte e em Nova Iorque. “O destaque na SPFW e, também, em um evento de moda em Nova Iorque, é uma possibilidade de inserir peças produzidas no cárcere e mostrar o potencial dessas pessoas ao mundo”, disse Igor Rocha.

À frente dessa iniciativa, está o estilista Gustavo Silvestre, que já vestiu personalidades da mídia.

No desfile realizado na PFP, Silvestre acompanhou as oito estilistas crocheteiras da unidade e puderam trocar experiências e expectativas que as apenadas possuem com o aprendizado adquirido com o projeto.

O evento foi um marco na história das unidades penais do Paraná, pois além de ser um projeto pioneiro, superou todas as expectativas no quesito adesão e profissionalismo na realização.

A intenção é que haja mais eventos como este para incentivar mais mulheres a enxergar seu potencial e o crochê como uma fonte de renda, para que a apenada não volte a reincidir no crime.

Além da ONG Redirect, muitas pessoas e instituições estiveram nos bastidores, para que fosse possível a realização deste evento. Fizeram parte do staff do desfile vários profissionais voluntários, entre eles cabeleireiros, maquiadores e fotógrafos. Os servidores estaduais da Penitenciária Feminina do Paraná contribuíram com empréstimo de calçados para as apenadas utilizarem nos ensaios, ajudaram na produção dos acessórios, doação de roupas para customização. As mulheres privadas de liberdade contribuíram com a montagem da estrutura física do evento.

A diretora da unidade, Alessandra Prado, acompanhou cada detalhe do projeto, desde a compra de materiais para a produção das peças, ensaios, provas de roupas, escolha das modelos e crocheteiras.
Considerou Alessandra: “Tenho orgulho em proporcionar projetos como este, uma vez que demonstram todo potencial e dons dessas mulheres privadas de liberdade. Somente através do incentivo a educação, capacitação e de trabalhos que tragam perspectivas de novos horizontes, é que elas vão sair do sistema prisional desejando e buscando mudança de vida. Gostaria de registrar meus agradecimentos a todos que de alguma forma auxiliaram para que este grande evento acontecesse com todo o sucesso”