Detentos do regime semiaberto fazem reparos em escola de Curitiba 18/09/2015 - 22:00

O Colégio Estadual Paulo Leminski, em Curitiba, passa por obras de reparo que incluem pintura e jardinagem. O trabalho é feito por detentos que participam do projeto Mãos Amigas, uma parceria entre as secretaria estaduais da Educação e da Segurança Pública e Administração Penitenciária, por meio do Departamento de Execução Penal (Depen) do Paraná.

Dezesseis presos em regime semiaberto da Colônia Penal Agroindustrial de Piraquara trabalham diariamente, em turno único, em obras de reparos em escolas e outros prédios públicos do Governo do Paraná.

A escola recebeu pintura nova em aproximadamente sete mil metros quadrados de área, entre paredes externa e muro. Também foram feitos trabalhos de jardinagem, como remoção de entulhos e podas de árvores. “O trabalho que eles fizeram aqui é de primeira. Nós realmente estávamos precisando dessa repaginada na estrutura do prédio”, contou o diretor João Paulo Matos. “Todos estamos satisfeitos com os resultados, professores, alunos, direção e a comunidade. Contribui muito para a vida da escola”, agradeceu Matos.

Os trabalhos devem ser concluídos nos próximos dias. Também serão feitas quatro mesas de pingue-pongue para as aulas de Educação Física.

RECOMEÇO – João Paulo Correia tinha uma pequena empresa de pintura antes de ser privado de liberdade e aproveitou a oportunidade para exercer a antiga profissão. Segundo ele, o trabalho em escolas serve de motivação para o retorno à sociedade e à antiga função. “Para nós é muito importante esse trabalho porque podemos contribuir de alguma maneira com a comunidade. O retorno que recebemos dos alunos nos motiva a continuar nesse caminho”, disse.

Para o coordenador do projeto Mãos Amigas pela Secretaria da Educação, Nabor Bettega Junior, o projeto traz vários benefícios ao detento e à unidade escolar. “A escola economiza com a manutenção e pequenos reparos e os detentos têm a diminuição da pena e a oportunidade de aprender e exercer uma profissão”, explicou.

O programa foi criado em 2012 com o objetivo contribuir para o processo de ressocialização redução da punição do detento. Nabor explica que o programa pode ser expandido para outras regiões do Estado. “Estamos trabalhando para levar o programa para outras regiões que possuam o regime semiaberto”, disse. As regionais são Maringá, Londrina, Ponta Grossa, Guarapuava e Foz do Iguaçu.

“Contamos com um sistema que nos permite aplicar o trabalho do preso em todas as frentes, o que possibilita investir em canteiros de trabalho que beneficiem obras públicas. Ofertamos trabalho para o preso, o que é muito importante. Isso é prioridade dentro da nossa gestão”, acrescentou o diretor do Departamento de Execução Penal (Depen) do Paraná, Luiz Alberto Cartaxo Moura.

Os detentos que participam do programa recebem uma gratificação mensal de R$ 591 e 20% do valor é aplicado em poupança para que, ao sair da prisão, eles possam começar uma vida nova. Outra bonificação é a redução da pena – a cada três dias de trabalho, um é descontado da pena a cumprir.

Em três anos já foram atendidos cerca de 120 prédios públicos de Curitiba e da Região Metropolitana. São escolas estaduais, escolas da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e outros órgãos do Governo do Estado. Os presos trabalham com pintura, jardinagem, limpeza e pequenos reparos.

De acordo com o diretor do Depen, a intenção é ampliar esse tipo de projeto, com mais participantes, para a execução de reparos em delegacias e unidades do próprio sistema penal, além das obras nas escolas.

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