O Centro de Integração Social de Piraquara (CIS), é uma unidade prisional feminina de regime fechado pautada pelos princípios da humanização, justiça restaurativa, corresponsabilidade, sociabilidade e governança sustentável. O principal objetivo desse modelo de unidade é buscar o desenvolvimento integral e a plena inserção social das pessoas privadas de liberdade (PPLs).

A unidade foi inaugurada em 24 de novembro de 2020, com capacidade para 170 apenadas, sendo que atualmente 139 vagas estão ocupadas. Com uma estrutura singular com alojamentos, diferencia-se das demais que possuem celas, além de oferecer canteiros de trabalho conveniados, salas de aula com computadores, espaço do saber, salas de atendimento médico, horta, pátio coberto e descoberto, pista de caminhada, academia ao ar livre, cozinha e refeitório. 

Cada alojamento é equipado com: banheiro, água quente, piso de porcelanato, televisão, mesas para estudo e jogos de tabuleiro.

Logo na chegada da apenada à unidade é realizada uma assistência jurídica completa para revisar seus direitos de progressão de pena, diminuindo custos excessivos para o estado e preservando todo e qualquer direito que ela possua.

A diretora do Centro de Integração Social de Piraquara, Paula Cozlik, reforça a relevância e impacto que a unidade causa da vida das apenadas:

“O projeto é uma iniciativa transformadora na vida dessas mulheres, onde conseguimos trazer dignidade a elas, desde vê-las acreditando em si e até mesmo conquistando sua independência com qualificações profissionais”, disse.

O desenvolvimento do projeto foi todo elaborado por meio de processos colaborativos pautados no princípio de justiça restaurativa, que instiga e fortalece a participação ativa de cada PPL na construção de soluções inovadoras, inclusive no funcionamento do próprio projeto. 

Contando com o auxílio de diversos parceiros, a unidade prisional garante ocupação em tempo integral a todas as apenadas por meio da oferta de atividades e cursos de todas as etapas de ensino – desde o básico até a graduação – com atualmente 100% das apenadas em estudo. São ofertadas também oportunidades de capacitação profissional em diferentes segmentos, sendo cerca de 70% das mulheres em atividades laborais. 

Os cursos são atualizados conforme a possibilidade e, entre os concluídos e em andamento, estão: curso de auxiliar administrativo, recursos humanos, auxiliar de escritório, florescer (justiça restaurativa), empreendedorismo, bem-estar (estética), salão de beleza, manicure e pedicure, massoterapia, costura, culinária, confecção de chinelos e roupas e massoterapia.

Além de outras atividades, serviços ou oportunidades de trabalho nas áreas, como: rodas de leitura, justiça restaurativa, atendimento psicossocial, atendimento psicossocial com ênfase na laborterapia, boas práticas agrícolas, fabricação de móveis, artesanato, confecção de uniformes, produção de tubos de fogão, fabricação de grampos de roupas, e produção de chás e ervas.

Incluindo as apenadas que já deixaram a unidade e as que ainda estão cumprindo pena, mais de 450 mulheres se formaram em cursos profissionalizantes disponibilizados pelo CIS e ofertados através parceiros da unidade.

O CIS possui como característica ser uma unidade de saída do sistema penitenciário, que condiciona cada pessoa privada de liberdade a retornar à sociedade com experiências profissionalizantes e vivências positivas. Além disso, também trabalha para restaurar todo o vínculo afetivo da apenada com a família, como uma forma de assegurar um retorno com um círculo social diferente do anterior.

Apesar do Centro de Integração Social de Piraquara ser uma unidade recente, tem conseguido obter bons resultados na reinserção social sem reincidência penal das pessoas privadas de liberdade que finalizam sua pena na unidade.

Nesses dois anos, 340 mulheres já cumpriram sua pena, sendo que apenas 1,8% das apenadas retornaram ao sistema prisional por alguma outra condenação posterior. Uma estatística que reforça o avanço do modelo penal e beneficia toda a sociedade. 

A diretora do Centro de Integração Social de Piraquara, Paula Cozlik, comenta sobre os frutos que o projeto teve até hoje:

“Todo o nosso trabalho impacta na vida estudantil e profissional dessas mulheres, muitas dão continuidade em seus estudos ou até mesmo iniciam o estudo básico aqui dentro. Além disso, já tivemos muitos relatos de apenadas que cumpriram o término da sua pena no CIS e comentam o quanto a restauração do vínculo familiar e o incentivo ao desenvolvimento delas foi importante para o seu retorno na sociedade”, disse.