Baseado em legado de Napoleon Hill, Projeto Mastermind visa revolucionar a ressocialização no sistema penitenciário do Paraná 20/06/2024 - 08:33

Em um esforço inédito para promover a ressocialização de pessoas privadas de liberdade, a Polícia Penal do Paraná (PPPR) implementou o Projeto Mastermind. Liderado por Jairo Ferreira, especialista em desenvolvimento humano, formado em direito e ex-agente penitenciário, o projeto vem transformando vidas desde dezembro de 2023. Mais de 110 mulheres custodiadas na Penitenciária Feminina do Paraná (PFP), localizada no Complexo Penitenciário de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, estão sendo beneficiadas pelos ensinamentos do renomado escritor Napoleon Hill, através da leitura e análise do livro “Quem Pensa Enriquece”. Empresários locais colaboraram com a compra de 420 cópias do livro, demonstrando um apoio crucial para a iniciativa.

O Projeto Mastermind é o único no Brasil autorizado pela Fundação Napoleon Hill a aplicar os treinamentos de alta performance baseados na filosofia do escritor. Originalmente voltado para empresários, líderes e pessoas buscando desenvolvimento pessoal e profissional, o projeto agora também é implementado no sistema prisional do Paraná.

Na PFP, o Mastermind vai além da entrega do livro. Envolve um acompanhamento estruturado com três palestras essenciais. A primeira ocorre na entrega do livro, onde Jairo Ferreira apresenta o projeto. A segunda palestra é realizada quando as participantes estão na metade da leitura, momento em que debatem temas abordados na obra e passam por um “choque de realidade” com conteúdos focados na visão de mundo. O terceiro e último encontro acontece ao término da leitura do livro, discutindo assuntos aprofundados e desenvolvendo planejamentos de vida. Também é aplicado um questionário para analisar e mapear as causas que levaram essas mulheres ao cárcere, com o objetivo de desenvolver políticas públicas mais assertivas para ressocialização.

Este ciclo de aprendizado, com duração de aproximadamente 40 dias, visa expandir o horizonte de pensamento das participantes e prepará-las para uma nova vida fora do ciclo criminoso, com planejamento, crescimento pessoal e mudança comportamental. Um dos objetivos do projeto é ensinar que as próprias custodiadas podem construir um futuro promissor, mesmo com histórico de passagem pelo cárcere.

Jairo Ferreira, visionário por trás da iniciativa, destaca a importância do projeto como ferramenta eficaz na redução da reincidência criminal. Ele ressalta que o objetivo é proporcionar uma nova visão de mundo e novas perspectivas de vida, não apenas para as custodiadas, mas também para suas famílias, que são positivamente impactadas pelo conteúdo do livro.

“Penso que as pessoas precisam ter cada vez mais consciência de seu propósito de vida e, em vez de esperar que as coisas caiam do céu, possam arregaçar as mangas e começar a fazer as coisas por elas mesmas. Tenho a alegria de representar a Associação Napoleon Hill, que tanto fez pela sociedade mundial, e espero poder atingir a totalidade dos apenados que saibam ler, para que essa obra chegue para mudar a vida destas pessoas. Nossa intenção é contribuir para que elas voltem para a sociedade muito melhores do que quando entraram para o sistema prisional. Com isso, poderemos ter uma economia de dinheiro público, uma sociedade melhor e muitos crimes deixarão de acontecer com uma mudança de mentalidade”, explica Jairo Ferreira.

O impacto do projeto vai além das paredes da penitenciária: os familiares das participantes também são influenciados pelos ensinamentos de Hill, após a indicação de leitura feita pelas próprias apenadas, criando uma cadeia de transformação social.

“A Polícia Penal desenvolve atividades de laborterapia, oferece cursos profissionalizantes e também a possibilidade do exercício de trabalho para os custodiados em todo o Paraná. Todavia, não basta apenas a capacitação ao mercado de trabalho, é preciso promover uma mudança de mentalidade dessas pessoas que atualmente cumprem pena no sistema prisional, mas que em um futuro breve retornarão ao meio social. O projeto baseado na obra de Napoleon Hill oferece uma mentalidade empreendedora, para que estes apenados possuam não apenas a capacitação profissional, mas também uma boa postura frente à vida, necessária para evitar o retorno ao círculo vicioso da criminalidade”, enfatiza o diretor-adjunto da PPPR, Maurício Ferracini.

Além das mulheres custodiadas, o Projeto Mastermind também será estendido ao público carcerário masculino e aos profissionais da Polícia Penal do Paraná que ocupam cargos de liderança. A direção da PPPR reconhece a importância de investir no desenvolvimento pessoal e profissional dos servidores, acreditando que melhorar as pessoas é fundamental para o sucesso das políticas públicas de ressocialização.

“É um ganho significativo tanto para a Polícia Penal quanto para os servidores, pois uma pós-graduação em gestão e liderança pode proporcionar aos policiais penais uma vasta gama de habilidades e conhecimentos que não só melhoram sua capacidade de desempenhar suas funções atuais, mas também o desenvolvimento de suas vidas pessoais, contribuindo assim para um ambiente de trabalho e gestão mais eficiente”, afirma a diretora da Escola de Formação e Aperfeiçoamento Penitenciário (Espen) da PPPR, Josiane Scremin.

O projeto não só abre portas para a reconstrução de vida das participantes, mas também representa um marco significativo na busca por métodos inovadores de reintegração social e mudança de paradigma dentro do sistema penitenciário do Paraná. As ações realizadas por Jairo Ferreira promovem um ambiente mais harmonioso e produtivo entre as internas, contribuindo para a redução de conflitos e melhorando a dinâmica geral.

“Esta ação tem mostrado às apenadas que elas em nada se diferenciam de grandes e bem-sucedidos empresários ou famosos que se destacaram por terem alcançado aquilo que sonhavam. Todos têm a mesma capacidade e potencial de ter um sonho e torná-lo realidade. O segredo está basicamente na perseverança, na autorresponsabilidade e autodisciplina de cada um. Percebemos que as custodiadas que participaram deste projeto aqui na PFP passaram a discutir sobre o assunto entre elas, indicando um interesse real pelo tema. Acredito que, se colocarmos em prática o que o livro ensina, teremos uma grande transformação dentro da unidade prisional. Já conseguimos identificar uma mudança na fala e na postura destas mulheres, além da vontade de buscarem seus sonhos após o cárcere”, destaca a diretora da Penitenciária Feminina do Paraná, Alessandra Prado.

Nesta quarta-feira (19), mais um grupo de mulheres concluiu a leitura do livro e as três palestras do Projeto Mastermind. Impactadas com o novo conhecimento adquirido, muitas se emocionaram ao falar sobre suas novas perspectivas para o futuro e seus planos para a vida pós-cárcere. Uma delas manifestou o desejo de utilizar as habilidades laborais desenvolvidas dentro da penitenciária para abrir um negócio próprio quando conquistar a liberdade. “Quero fazer uma multiplicação de recurso, investindo todo o conhecimento que obtive aqui dentro no setor de costura. Quero continuar trabalhando com produção de roupas táticas”, afirma.

Outra custodiada que concluiu a série de palestras destacou que vai levar para a vida toda a relação entre razão e emoção ao tomar suas próprias decisões. “Aqui dentro, tive a oportunidade de testar as duas coisas. Tomei decisões erradas indo apenas pelo viés da emoção, mas também acertei em outras situações quando me pus a raciocinar sobre qual seria a melhor solução para o problema, usando a razão. Aqui dentro, estamos frequentemente afetadas emocionalmente, e isso pode nos levar a escolhas ruins. Por isso, a importância de trabalhar a mentalidade”, finaliza a reeducanda.

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